Neste e-mail, dirigido a minha amiga Odele Souza, mãe de Flavia (http://flaviavivendoemcoma.blogspot.com/ ),
presto homenagem a todas as mães.
Peço licença a Odele, 08h35 da manhã do dia 6 de maio de 2011, para dividir com vocês, meus amigos, um texto que escrevi copiando e colando do meu coração,plagiando metáfora usada por Tadayuki.
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bom dia, Odele...
Espero que seu Dia das Mães seja de muita ternura, paz, emoções moderadas e certeza de que você é a mais maravilhosa e fantástica das mães.
Sei que será um dia difícil. Para mim também será... Estou desde o início da semana me intercalando entre lágrimas contidas e choros escancarados. Uns poucos sorrisos aliviados. No momento, sinto-me um tanto envergonhada pela ousadia em fazer esse tipo de desabafo a você, minha amiga. Me vem à mente uma sábia frase de meu marido, que repito em várias situações que se apresentam estressantes para mim, quando observo as pessoas reclamarem de coisas pequenas, minúsculas: "Você está falando de goteira para Noé!"
Mas, ao mesmo tempo, não me sinto tão cheia de dedos, Odele. Fico fortalecida com seu exemplo, sua força, sua capacidade de buscar novas motivações.
Sempre que vem o Dia das Mães, acredito que somos tocadas pelas lembranças dessa data com as mães que não temos mais conosco. Com mães que pudemos ser antes, de outras formas. Continuamos mães, porém de outro jeito... Sem aquele almoço tradicional... E sempre temos saudades daquela outra mãe que fomos. Da mãe que tivemos...
Eu cresci em um sítio, no meio do mato, estrada de terra, escola rural, onde as aulas dos três primeiros anos da então escola elementar eram dadas numa única sala. Minha escola se chamava Escola Mista Elementar do Bairro do Lima Rico. Nessa escola, aos 7 anos, soube que existia um dia dedicado à mãe. A professora pediu que levássemos um sabonete e contribuíssemos com uns trocados para que o enfeitássemos com uma decalcomania sobre a superfície raspada com gilete. Em cima de um sabonete Gessy (era essa a marca que reinava soberana em nossa casa) cor-de- rosa foi colada a estampa de rosas vermelhas. E a professora nos ajudou a melhorar a aparência com uma camada de esmalte transparente. Esse foi meu primeiro presente de Dia das Mães. Não sei se foi o primeiro de minha mãe. Talvez. Apesar de eu ser a caçula temporã de sete irmãos. Naquele ano de 1965, um pouco depois da "Revolução", muitas coisas diferentes começavam a pipocar em nosso cotidiano... Em 1966, já frequentando o Grupo Escolar, na cidade, e com direito a uns trocados a mais, me lembro que comprei uma garrafa de plástico rosa para guardar água na geladeira. Isto porque tínhamos em casa uma novidade: geladeira movida a querosene. Ainda eram poucos os utensílios de plástico em nossa casa, por isso aquela garrafa ganhou destaque. Minha memória fotográfica ainda retém aquelas imagens bem nítidas. Ao lado dos vestidos de algodão xadrez que minha mãe costumava usar. Eram tubinhos simples, sempre do mesmo modelo, costurado por ela. Tinha uns 3 botões e abertura até a altura da cintura. As roupas dela eram sempre ajustadas por um avental, confeccionado de panos de saco alvejados. Eram de sacos onde vinham adubos usados na lavoura.
Neste momento, quero crer que minhas lembranças possam se misturar às dela, assim como nossos sonhos... e os sonhos de muitas mães com seus filhos. Estejam nossos pensamentos e corpos no mesmo plano.. ou não!
Então, Odele, ao pensar em você, imagino você e Flavinha viajando pelo mundo dos sonhos, onde se encontram sorridentes e se abraçam também. Imagino minha mãe, sua, tantas mães de pessoas que se cruzam neste plano conversando e nos observando com aquele olhar bondoso, orgulhoso e condescedente que só as mães que a tudo superaram conseguem ter!
Feliz Dia das Mães!
Para suas mães
Para as mães de seus filhos!
Um dia especialíssimo para aqueles que ficam com vontade de pular este dia, diante das tristezas.